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sábado, 1 de março de 2014

O CARNAVAL


            Os festejos populares são elementos valiosos na convivência humana. Infelizmente, o Carnaval perdeu muito a tranqüilidade de uma diversão sadia.

            Ao que parece, para muitos, o carnaval (“carne vale”) se contrapõe à festa do espírito, da pessoa humana. A liberdade, dom precioso dado ao ser humano pelo seu Criador, não é respeitada, nem valorizada, mas desvalorizada. É a busca de uma alegria sem Deus que termina na quarta-feira como verdadeira cinza do tempo que passou.

O mundo não pode afastar-se de seu Criador. Para aqueles que acreditam em Deus é preciso seguir fielmente os ensinamentos de seu Filho Jesus, empenhando-se cada vez mais na luta pela fraternidade.

Diante dos males do mundo sem Deus, das violências, dos tráficos e da devassidão nesses dias de folia, os cristãos mais conscientes preferem se retirar do tumulto e se entregar ao recolhimento e à oração. É o que se chama “retiro ou encontro de Carnaval”, aconselhável para quem quer se afastar do barulho e se dedicar um pouco a refletir no único necessário, a salvação eterna. É tempo de se pensar em Deus, na própria alma, na missão de cada um, na necessidade de estar bem com Deus e com a própria consciência.

O Apóstolo São Paulo adverte: “Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12,2); “Já vos disse muitas vezes, e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, a glória deles está no que é vergonhoso, apreciam só as coisas terrenas” (Fl 3,18-19); “Os que se servem deste mundo, não se detenham nele, pois a figura deste mundo passa” (cf. 1Cor 7,31).

Iniciemos a Quaresma - tempo de conversão e de retomada de nossa vida batismal - na Quarta-feira de Cinzas, participando da Eucaristia e praticando a penitência, através de jejum e da abstinência (não comer carne).

As cinzas são um sinal já existente no Antigo Testamento que significa o arrependimento pelo mal cometido e o desejo de mudança. Elas são feitas pela queima dos ramos bentos na Semana Santa do ano anterior. Recordam-nos, portanto, a necessidade de conversão para testemunharmos Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossa vida.

Neste tempo de verdadeira conversão: o jejum, a oração e a esmola sejam sinais de uma mudança interior e não apenas de formalidades a serem cumpridas. É importante entrar neste tempo de conversão e penitência com o coração livre. “Convertei-vos e crede no Evangelho”, eis o tempo favorável! Outro sinal importante neste tempo é a confissão. Além do mais, a Quaresma é acompanhada, no Brasil, pela Campanha da Fraternidade, anunciando e denunciando que a pessoa humana não é mercadoria.

A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma, 40 dias de preparação para a Páscoa, de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus sentar-se sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As Cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer; que somos pó e que ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3,19), para que nosso corpo seja refeito por Deus, de maneira gloriosa, para não mais perecer.

Passemos este tempo de carnaval na tranquilidade do lar, num lugar calmo ou participando de algum retiro ou encontro espiritual. Bom descanso e recolhimento para todos! Na quarta-feira nos encontraremos na Missa e no recebimento das cinzas sobre as cabeças, em sinal de penitência. Que o Senhor nos ajude a vivermos um carnaval decente e uma Santa Quaresma!


Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de Guarabira(PB)

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