Artigo
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano de Guarabira
Secretário da CNBB - Regional Nordeste 2
A Igreja tem como missão evangelizadora e pastoral,
recebida de Jesus Cristo, iluminar a consciência das pessoas com a luz do
Evangelho e dos valores do Reino de Deus, motivando-as ao exercício da plena
cidadania. Neste sentido, o Papa Bento XVI disse que “a política é mais do
que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos: a sua
origem e o seu objetivo estão precisamente na justiça, e esta é de natureza
ética”.E ainda mais: “a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a
batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Mas também não
pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Cf. Deus Caritas Est,
28).Os cristãos e toda população chamados a exercerem
um de seus mais expressivos deveres de cidadão, que é o voto livre e
consciente, escolham bem os candidatos em quem vão votar. Candidatos que
estejam comprometidos com o bem comum. Não votar em candidatos com promessas,
promessas e promessas ilusórias. Votar em candidatos com Ficha Limpa, dignos de
confiança, para colocar fim à corrupção eleitoral. Não aceitar ato tão imoral
como a compra e venda de votos. É ilegal e imoral vender o próprio voto, em troca
de benefícios de qualquer espécie. Como é também imoral e ilegal a tentativa de
comprar votos. É preciso votar em candidatos que
respeitem a vida, preservem o meio ambiente, valorizem a educação, lutem por
atendimento melhor na saúde, executem o saneamento básico, segurança pública,
superação da violência urbana e rural e das drogas. As eleições municipais
marcadas para o próximo dia sete de outubro colocam em disputa os projetos que
discutem os problemas mais próximos do povo. Um tempo particularmente propício
para a participação consciente e responsável de todos na vida política, seja
como eleitor, seja como candidatos a prefeitos e a vereadores, fazendo valer a
mensagem: “voto não tem preço, tem consequências!”. Não vote apenas levado pela
propaganda ou pelo interesse financeiro pessoal. Voto não é troca de favores,
mas uma escolha livre.O
exercício do voto é um direito e um dever de cada cidadão, e este deve exercê-lo
segundo a sua própria consciência. Umvoto consciente resulta na dignidade da vida,
na moralidade pública e no bem comum.Nada mais justo, pois, do que batalhar por
uma eleição limpa, confiável e que devolva esperança ao povo. Abrir horizontes
para “um novo Estado, caminho para uma nova sociedade do bem viver”.“Incentive-se
cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos
diversos níveis e instituições” e “como cidadãos cristãos, cabe nos empenharmos
na busca de políticas públicas que ofereçam as condições necessárias ao
bem-estar de pessoas, famílias e povos” (DGAE, 115 e 116). “O vasto e complexo
mundo da política, da realidade social e da economia é campo próprio dos
leigos” (EN 70). A Igreja “não concorda com a militância político-partidária de membros do clero
ou de religiosos” (CNBB, Doc. 22,5; Puebla 524). E estes também não subam em palanques, nem façam
campanhas e nem propagandas partidárias. A política deve
ser praticada como busca sincera do bem-comum, de modo a promover os direitos
dos cidadãos, a começar do âmbito municipal, e não segundo os interesses
particulares de candidatos, de indivíduos ou de grupos. O exercício do voto é um dos mais
importantes atos de cidadania para as transformações sociais nos municípios e
no país. Empenhemo-nos na tarefa de ajudar a construir uma sociedade justa,
fraterna e solidária. É bom lembrar que votar é importante,
mas ainda não é tudo.
Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas e administrativas
dos prefeitos e vereadores, para cobrar deles a coerência para com as promessas
de campanha e apoiar as decisões acertadas. Deus abençoe e ilumine a todos e todas, eleitores e
candidatos, nas eleições municipais deste ano, para o bem de todo o povo!
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