Começa a Quaresma e com ela nossa caminhada
com Jesus, para celebrar a Páscoa. É tempo especial de conversão, misericórdia
e fraternidade. Na Quarta-feira de Cinzas, ao receber as Cinzas, ouvimos o convite
de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). A atitude de
conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. A oração,
como encontro pessoal com o Senhor, abreviando as distâncias criadas pelo
pecado; a penitência, para nos libertarmos das dependências daquilo que passa e
para procurarmos ser mais sensíveis e misericordiosos; e, a caridade, acolher quantos têm
necessidade do nosso tempo, da nossa amizade e da nossa ajuda. Jesus nos chama
a viver a oração, a caridade e a penitência com coerência.
A cor roxa utilizada
neste tempo litúrgico possui significado penitencial. Ela é sinal e recordação
de penitência que integra o processo de conversão a que todos somos chamados a
viver na misericórdia. O esforço de superação do pecado sempre comporta renúncias
e sacrifícios; o mesmo ocorre quando se busca o crescimento na vida cristã,
como a vivência do amor fraterno.
Nesta Quaresma do Ano
Santo da Misericórdia somos chamados a buscar, ainda mais, a misericórdia de
Deus, por meio da oração e do sacramento da Reconciliação. A misericórdia de Deus transforma o coração de cada pessoa e faz-lhe
experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de
misericórdia.
O Evangelho deste
primeiro domingo da Quaresma, apresenta-nos as tentações de Jesus no deserto,
segundo Lucas (Lc 4,1-13), levando-nos a refletir sobre as tentações
encontradas no mundo de hoje. A pedra, a ser mudada em pão, faz pensar na
tentação de acumular e consumir bens materiais. A referência aos reinos da
terra expressa a tentação do poder e glória deste mundo. O lançar-se do alto do
templo para ser socorrido de forma espetacular corresponde a tentação da fama e
de coisas grandiosas. Outras tentações, hoje existentes, podem ser recordadas.
Contudo, o Evangelho não quer apenas falar e advertir a respeito das tentações.
Pretende, acima de tudo, nos transmitir a certeza da vitória de Cristo e
daqueles que, unidos a Cristo, lutam para vencer as tentações, alcançando com
ele a vitória, a verdadeira libertação.
Desde quarta-feira de
cinzas, em todo o Brasil, realiza-se a Campanha da Fraternidade. Ela está
intimamente relacionada à Quaresma, como um exercício intensivo de amor
fraterno e como meio de conversão, a fim de alcançarmos a misericórdia. A cada
ano, toma-se um aspecto da vida em que a fraternidade necessita ser vivenciada
com especial atenção e empenho pessoal e comunitário. Neste ano, a Campanha da
Fraternidade é ecumênica, pois está sendo assumida em conjunto com o Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). O seu tema é “Casa comum, nossa
responsabilidade”, ressaltando o cuidado responsável pela Criação e o direito
ao saneamento básico para todos. O lema dessa Campanha é extraído da profecia
de Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho
que não seca” (Am 5,24). Assumir o cuidado com a Casa Comum reascende a
esperança de um novo céu e uma nova terra onde habitam a justiça e o direito.
Caminhemos com Jesus, para celebrar a vida.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de
Guarabira(PB)
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