O carnaval é uma realidade. A sua origem não
é muito clara. Autores
explicam o nome carnaval a partir do latim "carne vale", isto é,
"adeus, carne", ou "despedida da carne"; isso indica que,
no Carnaval, o consumo de carne era considerado lícito, pela última vez, antes
dos dias de jejum quaresmal. Outros estudiosos recorrem à expressão
"carnem levare", suspender ou retirar a carne.
No final do século VI,
o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo, antes da Quaresma (domingo
da Qüinquagésima), o título de "dominica ad carnes levandas"; o que
teria gerado “carneval” ou “carnaval". Etimologistas apelam para as
origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se fazer um
cortejo com uma nave dedicado ao deus Dionísio, ou baco, festa que se chamava
em latim de “currus navalis” (nave carruagem), de onde teria vindo a forma
“carnavale”.
As mais antigas
notícias do que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do século VI a.C.;
na Grécia: há pinturas gregas em vasos com figuras mascaradas desfilando
em procissão ao som de músicas em honra do deus Dionísio, com fantasias e
alegorias; são certamente anteriores à era cristã. Outras festas semelhantes
aconteciam na entrada do novo ano civil (janeiro) ou pela aproximação da
primavera (hemisfério norte), na despedida do inverno.
Eram festas religiosas dentro da concepção
pagã e da mitologia com a intenção de, com esses ritos, expiar as faltas
cometidas no inverno ou no ano anterior e pedir aos deuses a fecundidade da
terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano. Tudo isso parece ter
gerado abusos estimulados com o uso de máscaras, fantasias, cortejos, peças de
teatro. As religiões ditas de “mistérios” provenientes do Oriente, muito
difundidas no Império Romano, concorreram para o fomento das festividades
carnavalescas. Estas tomaram o nome de “pompas bacanais” ou “saturnais” ou
“lupercais”.
Quando o Cristianismo
surgiu já deve ter encontrado esses costumes pagãos. Vivenciando o Evangelho,
os cristãos aos poucos transformaram o significado de muitas festas pagãs ou
míticas procurando purificá-las. A tradição da Igreja parece ter conseguido
restringir a celebração oficial do Carnaval aos três dias que precedem a
quarta-feira de cinzas. Hoje, infelizmente, nem sempre acontece isso em nossa
sociedade.
No final do séc. XIX,
no Brasil, começam a aparecer os primeiros blocos, cordões e os “corsos
carnavalescos”. No séc. XX, o carnaval foi crescendo com a ajuda das marchinhas
carnavalescas e o surgimento das escolas de samba.
Infelizmente,
temos exageros e nem sempre a vida humana é respeitada. A distorção da alegria
nessa festa pode se transformar em sofrimento para a própria pessoa e para os
outros, porque sabemos que o salário do pecado é a morte (cf. Rm 6,23). Seria
muito importante se divertir de maneira sadia e com um espírito de amor ao
próximo. Neste período de Carnaval, a Igreja incentiva os retiros espirituais,
celebrações eucarísticas, celebrações penitenciais em preparação para uma santa
quaresma, caminhadas animadas demonstrando que não somos contra a “verdadeira
alegria” brotada do Evangelho e que precisa contagiar a todos com a “boa
notícia” da salvação.
Esforcemo-nos para
santificar esse tempo de carnaval, da melhor maneira possível. Nessas idas e
vindas dos costumes não podemos perder de vista a necessidade de sermos pessoas
novas. Nesse mundo violento e complexo, onde os valores humanos e cristãos vão
sendo esquecidos, é sempre uma oportunidade de reflexão séria sobre os rumos
que estamos dando às nossas vidas e à nossa sociedade. Deixemo-nos conduzir por
corações novos. Confiemos sempre na bondade e na misericórdia de Deus.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de
Guarabira(PB)
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