Por que o nosso coração continua
velado, enquanto o coração do nosso Mestre e Senhor encontra-se dilato e
exposto a amar a todos? O
Culto ao Sagrado Coração não é uma expressão devocional voltada a um órgão do
corpo humano. É preciso que compreendamos o verdadeiro sentido do coração, para
a cultura semita. O Coração para o povo do Antigo Israel é a síntese do ser
humano, conhecê-lo é deter a ciência a cerca do próprio ser. “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no
seio de minha mãe” (Sl 138,13). Os rins é a designação bíblica para o
Coração, ao passo que sondá-lo equivale a estabelecer com ele um elo de intimidade.
Jesus aparece no Evangelho pondo o
coração como fonte e destino de todos os sentimentos humanos (Mc 7,19). E
ainda, nos vários milagres eucarísticos, aparece esta aproximação da doutrina
eucarística, em relação a Divina Misericórdia, sobretudo em Lanciano onde a
Hóstia Consagrada se converteu em carne viva de coração. Por isso, nos é
apropriado proclamar o Sagrado Convívio como Coração Eucarístico do Senhor, que
continua a pulsar de amor pela família.
Comunidade Cristã, que encontra no
silêncio orante do Senhor uma Palavra basilar para a convivência, ao passo que
como sociedade cristã vai se fazendo ambiente de partilha e de perdão. Buscando
no Coração misericordioso de Jesus o verdadeiro sentido para a convivência,
apesar das inúmeras diferenças que marca a identidade de cada indivíduo: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha
doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as
vossas almas.” (Mt 11,29). Uma Lei que se converteu em graça pela suavidade
do triunfo da manhã luminosa da ressurreição, sobre a tarde nefasta e escura da
sexta-feira.
Uma autêntica família que tem em seu
lar o Sagrado Coração como inspiração para o agir, deve ter um comportamento
pautado na mesma dinâmica do pulsar do Coração do Divino Redentor, como se
estivéssemos reproduzindo aqui na terra, uma sinfonia celestial, a Caridade.
A prática caritativa exige de nós o
perene sacrifício, oferecendo algo de nós estaremos participando do mistério de
Deus. Caridade é amor aplicado no cotidiano de nossas vidas. Como aquela
criança curiosa em busca da sabedoria que estava a olhar para Imagem do Sagrado
Coração e em certo momento questionou o Padre. Por que esta imagem tem o
coração fora do peito? O Padre meio que sem jeito, respondeu-lhe: Porque Ele
muito amou. O menino num ato surpreendente continuou a questionar: E Por que o
seu coração não está como o dele? Esta é a pergunta que o mundo faz a nós
cristãos.
PADRE RENATO
(Diretor
Diocesano do AO)
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