A copa do mundo de futebol é realizada no
Brasil, pela segunda vez, na alegria que o esporte proporciona a cada pessoa. O
Brasil é o “país do futebol”. Um país de imensa riqueza cultural e de gente
hospitaleira.
Diante das desigualdades sociais no
Brasil, a Copa do Mundo se torna, portanto, ocasião de reflexão da sociedade
sobre as relações pacíficas e culturais entre as pessoas e sobre os aspectos
sociais e econômicos que envolvem o esporte.
As manifestações populares a partir de junho de 2013 reivindicam
sabiamente políticas públicas eficazes, que garantam saúde, transporte de
qualidade, educação, segurança e vida digna da pessoa humana. São gritos por mudanças no cenário atual de corrupção, exclusão
social e desrespeito aos valores humanos.
A mensagem das ruas é contra toda uma
economia vigente de exclusão e desigualdade social. E com toda certeza: a
desigualdade social causa reação violenta por um lado dos que são excluídos por
um sistema injusto e, por outro, os que o defendem em proveito próprio e não
aceitam mudanças. Os vandalismos, pessimismos e até mesmo torcida para que a
Copa não dê certo enfraquecem essa oportunidade de crescimento qualificado da
consciência política dos cidadãos brasileiros. A quem interessa hoje o
enfraquecimento da consciência política? Muitos estão nesse campo, conscientes,
e outros, inconscientemente.
A facilidade mediática - redes sociais - tem permitido que fatos, antes
despercebidos, sejam conhecidos em curto espaço de tempo. As notícias circulam
em maior quantidade e com mais rapidez. A violência tem aumentado em diferentes
modalidades. As notícias têm diferentes objetivos, para além do interesse de
bem informar. Existe um grande incentivo ao consumo numa realidade de
desigualdade social e de mercantilização da vida, da sociedade e da cultura.
Não existem iniciativas consistentes voltadas à melhoria das condições reais de
vida. As condições apresentadas são sempre interesseiras e de dependências.
Vive-se em plena ditadura social com uma falsa visão de liberdade.
Como bem diz o texto da mensagem da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre a Copa: “Não se pode
admitir que a Copa aprofunde as desigualdades urbanas e a degradação ambiental
e justifique a instauração progressiva de uma institucionalidade de exceção,
mediante decretos, medidas provisórias, portarias e resoluções. O sucesso da
Copa do Mundo não se medirá pelos valores que injetará na economia local ou
pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores. Seu êxito estará na
garantia de segurança para todos sem o uso da violência, no respeito ao direito
às pacíficas manifestações de rua, na criação de mecanismos que impeçam o
trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas
socialmente vulneráveis, e combatam eficazmente o racismo e a violência”.
Que o legado da Copa do Mundo no “país do
futebol” seja verdadeiramente o fortalecimento da cidadania e da
confraternização universal. Oportunidade importante para a promoção de sólidas
transformações e respostas adequadas aos desafios vigentes. Que Deus abençoe a
todos, a paz seja a nossa vitória e a Copa do Mundo no “país do futebol”
irradie alegria.
Dom Francisco de
Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano
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