Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano de Guarabira-PB
Secretário da CNBB Regional Nordeste 2
Partilho com todos a alegria da eleição do
novo Papa. Depois de o Papa Bento XVI, num gesto de humildade, renunciar o
Ministério Petrino, no dia 28 de fevereiro p.p., veio o Conclave não apenas
como sessão eleitoral, mas uma verdadeira liturgia. Não apenas para escolher um
chefe, mesmo porque o chefe da Igreja é Cristo, mas cumprir o seu desejo de
haver um pastor que realize a unidade (cf. Jo 17,21) e reja seu povo pelas
sendas da Palavra de Deus. O Papa é o pastor visível, vigário do Pastor
invisível que é Cristo, sucessor
de Pedro a quem Cristo entregou as chaves da sua Igreja, dando-lhe poderes de
ligar e desligar, conforme nos ensina o Evangelho: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja,
e as forças do Inferno não poderão vencê-la” ( Mt.16,18). Tempo de
muita expectativa. Muitos nomes, menos o Cardeal Bergoglio; cálculos, análises
e prognósticos da imprensa e de muita gente, ditas, entendidas. Contudo, o
Senhor surpreende a todos. Há 13 dias de Sé Vacante, no dia 13 de março, a
Igreja conheceu o seu novo Pastor, um jesuíta de simplicidade franciscana. O
Cardeal Jorge Mario Bergoglio virou o Papa Francisco, que se caracteriza pela
simplicidade e proximidade aos pobres. Quando foi criado Cardeal, em 2001, pelo Papa João Paulo II, sugeriu e
foi atendido pelos amigos de sua Arquidiocese que pensavam em acompanhá-lo
naquele momento tão solene, que o dinheiro da viagem fosse revertido aos mais
necessitados da comunidade. Um testemunho concreto de caridade fraterna. Na varanda
central da Basílica de São Pedro, surge, aos 76 anos de idade, e, logo, comove a
todos: “Vocês sabem que o dever do Conclave era de dar um Bispo para
Roma; parece que meus irmãos foram buscá-lo no fim do mundo. Mas, estamos aqui.
Obrigado pela acolhida. Rezemos todos juntos pelo Bispo de Roma”. É um marco histórico: primeiro Papa do
Continente Americano e de nome Francisco, representando, assim, uma nova forma
de comunicar, de viver e de celebrar a fé, que chega ao Vaticano. As palavras,
os gestos e a atitude diante do povo que o esperou, revelam essa diferença.
Ficará para sempre marcado o pedido ao povo presente na Praça de São Pedro: “antes
que o bispo abençoe o povo, peço que rezem ao Senhor para que me abençoe. Em
silêncio, façam esta oração sobre mim”. É este o Papa Francisco. Não importa a
proveniência, a idade, o curriculum. Importa uma só coisa: é o Papa, o Bispo de
Roma, o Sucessor de Pedro e Chefe visível da Igreja de Cristo. A ele, a nossa
oração, o nosso afeto, a nossa fidelidade e a nossa obediência. Logo, no dia
seguinte, pela manhã, o Papa Francisco visitou a Basílica de Santa Maria Maior,
no centro de Roma, para uma oração a Nossa Senhora,
como tinha anunciado. No trajeto, o Papa não utilizou o automóvel
tradicionalmente usado pelos Pontífices, mas, sim, um veículo simples. E
retornou à Casa Internacional do Clero, Casa Paulo VI, onde ficou hospedado
antes do Conclave, para recolher os objetos pessoais e para pagar a conta
referente aos dias de hospedagem. À tarde, presidiu sua primeira Missa privada
como Pontífice com os Cardeais na Capela Sistina. Nesta primeira homilia
exortou a todos: “a não deixarem de caminhar,
edificar e confessar Jesus Cristo crucificado. (...) Caminhar, edificar e
confessar. Mas a coisa não é tão fácil, porque, no caminhar, no construir e no
confessar, às vezes existem abalos ou movimentos que não são exatamente os
movimentos do caminho, são movimentos que nos puxam para trás. (...) Quando nós
caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz e professamos sem a Cruz, não
somos discípulos do Senhor. (...) Quem não reza ao Senhor, reza ao diabo, já
que quando não se proclama Cristo, se proclama a mundanidade do diabo, do
demônio”, disse. O Papa Francisco já tem a
agenda repleta de compromissos a serem cumpridos nos próximos dias: audiência com os Cardeais, audiência com os
Jornalistas, recitação do Angelus no domingo na janela do apartamento papal, no
dia 19, às 5h30, horário no Brasil, Missa Solene, na Praça de São Pedro, do
início do seu Pontificado. Sim, é imensa a nossa alegria de poder acolher o
Papa Francisco, aqui no Brasil, no próximo mês de julho, na Jornada Mundial da
Juventude, ele que viveu já na Argentina a 1ª JMJ da América Latina. Rezemos para que o Senhor conduza
sempre o Santo Padre! Que Deus abençoe, conduza, defenda o Papa Francisco.
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