A
Romaria ao Santuário de Santa Fé, no município de Solânea, reuniu mais de 20
mil pessoas, na tarde de ontem. O evento marcou os 132 anos de falecimento do
Pe. Ibiapiana. Durante todo o dia diversas celebrações aconteceram e à tarde o
Bispo de Guarabira, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena presidiu a Santa
Missa. Participaram mais de 32 padres da Diocese de Guarabira e de vários
outros estados nordestinos.
O
Pe. Ibiapina, cujo processo de beatificação tramita no Vaticano, viveu no
século 19. Estava com 47 anos quando foi ordenado sacerdote e percorreu a pé e
a cavalo os sertões nordestinos, onde fundava casas de caridade, acolhia órfãos
e viúvas, construía Igrejas, como as de Bananeiras e Pilões, na Paraíba, e
cemitérios para que os pobre fossem enterrados.
Na
grande seca de 1877, quando ele já residia em Arara, não deixou que os pobres
morressem de sede. Na pequena propriedade havia um açude que fornecia água para
a população. “Achavam que ele estava louco”, nos conta o padre belga José
Floren, atual Reitor do Santuário, pelo fato de continuar dando comida e água à
população.
Quando
sugeriram que interrompesse o atendimento ele disse que preferiria morrer com
os pobres. “Depois disso, era perto da festa da Conceição, começou uma grande
chuva, após três longos anos de seca”, nos conta o Pe. Floren.
“O
programa da Caridade é morrer com os pobres sequiosos e famintos, e não
de vê-los morrer à sede a fome. Essa é a lei fundamental da Caridade”,
afirmou o Pe. Ernando Teixeira, historiador, numa referencia à missão do
Pe. Ibiapina.
Ontem
em Santa Fé, Dom Lucena, Bispo de Guarabira, assinalou que, em momentos de
grande seca como a que estamos vivenciando, a mensagem de Ibiapina é mais e
mais presente: a solidariedade para com os pobres e a necessidade de
preservarmos a natureza.
Na
opinião do Pe, Cristiano Mufller, que viajou mais de 900 quilômetros para
participar da peregrinação, o Pe. Ibiapina foi um homem à frente de seu tempo.
“Ele compreendeu como pouco a mensagem do Evangelho, pois viveu com os pobres,
os ajudou e ensinou a libertação. Quando os pobres não tinham onde ser
enterrados, pois os ricos eram sepultados nas Igrejas, fez mutirões e construiu
cemitérios”, concluiu. O Pe. Cristiano, atualmente residindo em Salvador, foi
um dos fundadores da Diocese de Guarabira, ao lado de Dom Marcelo Carvalheira.
O
Pe. Ibiapina morreu em 19 de fevereiro de 1883 e seu corpo está sepultado na
capela da Casa de Caridade, por ele construída, em Santa Fé, O processo de
beatificação está em curso e o mesmo poderá ser beatificado em 2017, quando
da visita do Papa Francisco ao Brasil, durante as comemorações de
Aparecida do Norte, enfatizou o Pe. Gaspar Rafael, que nos próximos dias assume
o Reitorado do Santuário.
Fonte: Nordeste 1
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