O final da campanha eleitoral 2014 expressa uma
sensação de tristeza, desconfiança, irracionalidade, falta de respeito,
desonestidade, oportunismo, mentira, corrupção e escândalos no uso de recursos
públicos . A propaganda e o debate foram caracterizados pelos ataques pessoais,
deselegâncias e promessas falaciosas, ao invés de propostas concretas. Os
próprios candidatos usaram tais expedientes, adiantando, assim, aos eleitores,
que os eleitos não prestarão. Por que chegamos a tal ponto? Para onde
iremos? Falta capacidade de mostrar um
caminho real de mudanças? Ganha a eleição quem é competente ou quem tem
marqueteiros e formadores de opinião? Sempre ganha a eleição quem merece? Quem
tem competência de articular, hoje, em rede, a saúde, a educação, a segurança e
o respeito aos direitos e deveres fundamentais de cada cidadão e cidadã?
Na política, comprovadamente nesta campanha
eleitoral, não é fácil fazer distinções, nem ter garantias de que o dito é
sincero e verdadeiro. É difícil alcançar o que é sério e respeitoso para com o
bem comum. Por outro lado, não é difícil ver tantos tratamentos indignos e
injustos, cidadãos ignorados por ideologias partidárias e medíocres.
Esta campanha eleitoral chega ao final sem o
ressoar do clamor por mudanças, já que os eleitos não representam inovação
política e, sim, na maioria, grupos familiares reconduzidos ao poder oferecendo
pouco proveito para o bem comum. Ainda é muito forte o poder do dinheiro e
grupos que representam seus próprios interesses e não o povo e o bem comum.
Daí, em forma de protesto e indiferença, a elevada porcentagem de abstenções,
votos anulados e deboches. Parece preocupante no momento decisivo do futuro da
nação.
Oxalá,
que desta campanha eleitoral nasça um sentimento maior por mudanças ou reformas
urgentes e radicais. Que na próxima campanha o eleitorado tenha opções de escolha
diante de nomes críveis e competentes. Que o final de uma campanha eleitoral
não seja marcado pelo alívio do encerramento do horário eleitoral gratuito, das
pesquisas eleitorais com suas estatísticas desconfiáveis, dos embates técnicos,
debates de péssima qualidade e da animosidade de muitos candidatos. Mas que
seja marcado pela esperança dos eleitores naqueles que são eleitos pela
credibilidade, competência e consciência do próprio papel; que respeita a
honorabilidade, trabalha para o bem comum e não para o próprio bem, coerente e
respeitoso às promessas eleitorais; que constrói a unidade, faz de Jesus o seu centro; sabe escutar o povo:
antes, durante e depois das eleições; não tem medo da verdade e da mídia,
porque no momento do julgamento deverá responder somente a Deus. De fato, a
vitória nas eleições do domingo seja o bem do povo. Que Deus abençoe toda esta
nação e seus governantes.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena –
Bispo de Guarabira(PB)
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