O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) aprovou hoje, 1º de abril,
declaração sobre os 50 anos do golpe civil-militar, intitulada “Por tempos
novos, com liberdade e democracia”. O texto, assinado pela Presidência da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), alerta as “gerações
pós-ditadura para que se mantenham atuantes na defesa do Estado Democrático de
Direito”. Os bispos relembram “os 21 anos que fizeram do Brasil o país da dor
e da lágrima” e reafirmam “o compromisso da Igreja com a defesa de uma
democracia participativa e com justiça social para todos”. Leia, na
íntegra, a declaração da CNBB.
DECLARAÇÃO
POR TEMPOS NOVOS, COM LIBERDADE E DEMOCRACIA
POR TEMPOS NOVOS, COM LIBERDADE E DEMOCRACIA
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB faz memória, neste 1º de abril,
com todo o Brasil, dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964, que levou o país
a viver um dos períodos mais sombrios de sua história. Recontar os tempos do
regime de exceção faz sentido enquanto nos leva a perceber o erro histórico do
golpe, a admitir que nem tudo foi devidamente reparado e a alertar as gerações
pós-ditadura para que se mantenham atuantes na defesa do Estado Democrático de
Direito.
Se é
verdade que, no início, setores da Igreja apoiaram as movimentações que
resultaram na chamada “revolução” com vistas a combater o comunismo, também é
verdade que a Igreja não se omitiu diante da repressão tão logo constatou que
os métodos usados pelos novos detentores do poder não respeitavam a dignidade
da pessoa humana e seus direitos.
Estabeleceu-se
uma espiral da violência com a prática da tortura, o cerceamento da liberdade
de expressão, a censura à imprensa, a cassação de políticos; instalaram-se o
medo e o terror. Em nome do progresso, que não se realizou, povos foram
expulsos de suas terras e outros até dizimados. Ate hoje há mortos que não
foram sepultados por seus familiares.
Ainda
paira muita sombra a encobrir a verdade sobre os 21 anos que fizeram do Brasil
o país da dor e da lágrima. Ajuda-nos a pagar essa dívida histórica com as
vítimas do regime a Comissão da Verdade que tem por objetivo trazer à luz, sem
revanchismo nem vingança o que insiste em ficar escondido nos porões da
ditadura.
Graças a
muitos que acreditaram e lutaram pela redemocratização do país, alguns com o
sacrifício da própria vida, hoje vivemos tempos novos. Respiramos os ares da
liberdade e da democracia. Porém, é necessário superar a injustiça, a
desigualdade social, a violência, a corrupção, o descrédito com a política, o
desrespeito aos direitos humanos, a tortura... A democracia exige participação
constante de todos.
Fiel à
sua missão evangelizadora, a CNBB reafirma seu compromisso com a defesa de uma
democracia participativa e com justiça social para todos. Conclama a sociedade
brasileira a ser protagonista de uma nova história, livre do medo e forte na
esperança.
Nossa
Senhora Aparecida, padroeira de nossa Pátria, nos projeta com seu manto,
ilumine nossas mentes e corações a fim de que trilhemos somente os caminhos da
paz, da justiça e do amor.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José
Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário